É bondade!
Não é só amor – não!
É mesmo e tão “só” – bondade
Com a que, envolve o seu coração!

E, ela é tão grande, simples
E tão sem limites
Livre, bonita, assombrosa
Tão transparente e tão graciosa

Que, só pelos olhos da mãe
Poderei chegar ao céu
Ela é a Casa de Deus!
E de lá, do olhar dela
Todos os meus medos
Melindres, arrufos
E tudo o que me assusta
Se torna tão fácil
Pedindo, que o toque
Só de lá, do amor da mãe
Vejo que é a bondade que me salva!

Como ela, a mãe se despiu de si
E me aconchegou na fé
Com a que, pra me dar á luz
Doou a vida!
Independentemente daquilo
Em que acredito
Onde pode o amor de mãe
Levar-me a qualquer outro sítio
Que não seja…
À humilde gratidão!

Não é amor de mãe! É “só” bondade!
E, por isso me traz ao desejo e à paixão
À sagacidade, ao sonho e ao arrojo
E me convida a não ter a ilusão
Do que, sozinha, sou capaz
Aprendeu a ler-me de erro em erro
Aos bocadinhos

Ela, a mãe não é bem uma pessoa
É um rasto de luz
Que dispõe a bondade
A namorar com o futuro!

Durinda Clara Paiva
Maio 2025

Mulher
É coragem
E será sempre mulher
É vontade de crer partir
E não partir… e resistir
Uma página amassada
Para um dia rescrever
Saindo pelo amanhecer
Sem se olhar …vai trabalhar
E vence mais um dia
Vem abalada e cansada
A alma oculta e algemada,
Desfia lagrimas de esperança
E colhe o fruto da desilusão
Adormece aprisionada
No crepúsculo enegrecido
Fica suspenso no silêncio
O grito da dignidade,
Das lagrimas, da tua bondade
Do um enjoo da realidade
E ousas- te ouvir ….
Palavras, palavras
São só palavras
Mulher,
Basta de mentira e leviandade!
Derrotas, feridas por sarar
Mulher tu és o poema
A réstia de esperança e a semente do amor
Os teus versos são os mais belos
Que os nossos olhos podem ler
No teu coração há um lugar
Onde cabem todos os sonhos
Conjugados com o verbo amar
Mulher … Recomeça
Sem receio ou ansiedade
És o fruto desejado
O Ramo que acolhe
O ninho do passarinho
Mulher
És chuva e nevoeiro
Calmaria e ventania
És a brisa, o frio, o calor
A noite e o dia, o amor e a alegria
Mulher
Giras com o universo
E brilhas rumo à mudança!
Duda
Março 2023

Se a vida ousasse ser
O meu sonho ao acordar
Jamais podia esquecer
Que vivo de amor a cantar

Quem ama e vive a cantar
Esconde a dor que sente
A luz que lá do alto brilha
É amiga que não me mente

Companheira da escuridão
Abre as portas de par em par
Quando na noite de lua cheia
Transforma semente em grão

Se a vida pudesse adivinhar
As cartas que lhe enviei
O tempo a iria lembrar
Da paixão com que te esperei

Naquela tarde encantada
Eu risonha e serena… no meu seio te acolhi
Como rainha coroada
Noite fora já cansada, adormeci

Durinda Paiva – Setembro 2024

IN: Crónica Femenina de 7 Agosto 1986 – ANO XXX

Uma historia verdadeira exemplo de uma vida! PRR

Autora: PALMIRA CLARA

Nobre sentimento é o amor amado
Não há dinheiro que o compre!
Realiza-se no simples detalhe:
Num gesto arredondado
De um grafismo inacabado
Duma lagrima que desliza
E outra fica sustida!

Uma palavra bem pequenina
Descreve o maior poder,
A mais bela melodia
Fonte de sabedoria
Que a vida deve ter.

Coração a entardecer
Entre todas, ele antecede
A mais bela e pura emoção:
Amor que ama, beija e abraça
Inspira compaixão

Doa-se às artes, às danças
Aos sorrisos, a uma saudação
No relance de um olhar.
O Amor, Inspira felicidade, paz, harmonia
E a singeleza de uma poesia!

Entrega-se à paixão de bem-querer
Chama que arde no peito
Ferida que doe sem doer!

Durinda Clara Paiva
Belmonte – Portugal
Junho 2024

Esta centelha divina
Que carrego no meu peito
É luz da minha vida
Que me guia desse jeito

Estranha forma de ser
Por certo nasceu comigo
Não a pude esconder
E me encontrei contigo

Vesti-me de luz e cor
Perfumei-me com jasmim
Escondeste a tua dor
Quando olhas-te para mim

Em teu corpo me abandonei
Nos momentos de paixão
Deste-me o melhor de ti
Mudaste o meu coração

Fui morada para habitares
De dia e ao anoitecer
Cama para descansares
Estranha forma de ser

De coração partido
Feridas por sarar
Tomei o teu partido
Deixei- me apaixonar

Na ilusão não há sofrer
Eu voltei acreditar
Que gostavas do meu ser
Que te ias apaixonar

Não vou acreditar
Que o amor acabe assim
Será o tempo a mudar
Ou já não gostas de mim

Descontente vejo agora
Já não sou a novidade
Mas o que ainda sobra
Aprendi-o com a idade

Durante a caminhada
Não escolhi a clausura
Nos ciclos há mudança
A igualdade não perdura

O princípio eu já conheço
Sou em ti e tu em mim
Cada dia, novo começo
Meu amor não tem fim!

LIVRO VIDA E ALMA 2020
DURINDA CLARA PAIVA

Ainda andava de tranças
Pela calada da noite
Na aurora das crianças
Pintei – te a vermelho
No meu vestido velho
Abril de águas mil
Plantado no meu craveiro
Liberdade palavra proibida
Aguda e grave eras furtiva
Somente falada em surdina
Sob o céu moldado
Em segredo cantei à
Liberdade.
Na beira do rio ferido
Só a água me pode ter ouvido
Em Abril morri e renasci
Mil vezes parti, tão longe de ti
Em abril te encontrei
E tu a mim!

Livro Vida e Alma
2020 Durinda Clara Paiva

Sou coragem e serei sempre …mulher
Com vontade de partir
Continuar a resistir…

Ousado é este sonho que me encanta
Voa com o vento e as gaivotas do Tejo
Da proa atira-me um beijo
Navega barco de leme branco
Dança com as ondas do mar
A ensaiar com ele, um fandango

A liberdade é meu maior ensejo
Com determinação, dádiva e desejo
Transcende o interior de mim mesma
A premente vontade de mudança
Como construção colorida
Entre as mãos de uma criança

A semente que levo no meu regaço
Não a colhi, nem a comprei
Nem germina em qualquer jardim
É vínculo de amor e de afeto
Que vive, dentro e fora de mim

A intenção que me assiste abraça
Apazigua e dá voz aos corações
Conjuga com a vida
No presente do verbo amar
Sentimentos e emoções

Ainda que por um breve momento
Não menos nem mais
Do que o deve ser
Oiço prosar meu pensamento
Todos os dias são dias da mulher!

Autora Durinda Paiva (DUDA)
Belmonte- Portugal 03/2024

O sonho que desce sobre mim
O sonho virtual que desce fisicamente,
O sonho universal que desce individualmente,
Esse meu sonho…
Parecerá aos outros, um sonho no sono
Um sonho da vontade, em sonhar
Um sonho de ser, um sonho de natal

Mas é mais, mais de dentro de mim toda, é mais de cima
E o sonho da soma, de todas as emoções da vida
É o sonho da síntese, de todas as esperanças e paixões
E sonho de haver paz, comigo por dentro do mundo
É como se eu houvesse, contribuído com muito

No sonho que desce sobre mim
Há multicores aflorando, onde não tem um Jardim
É contudo o mesmo de quem sonha uma era:
Os inocentes tem ao menos, a bondade
Os desprotegidos têm ao menos, a proteção
Os pobres têm ao menos, a solidariedade
Os que sofrem têm ao menos, a esperança
As crianças podem ao menos, ao amigo dar a mão
O final é ao menos, um mundo sem armas e sem guerra
E, a paz é ao menos o fim do esforço de toda a humanidade
Viro indiferente a cabeça para a esquerda
Por sobre o ombro que a sente,
Olho para a janela entre aberta

Durinda Paiva / Belmonte
Dezembro 2023

Acordei e fui voar no iluminado
Imenso céu de, Dezembro frio
E sobre Lisboa voei.
Como está linda e bela a cidade!

As ruas e avenidas brilham cheias de cor
As pessoas andam em corrupio
Entram e saem das lojas apressadas,
Carregadas de sacos, de embrulhos
Cheios de laços
E, sorridentes uns aos outros dão abraços

E então
É natal, há sempre Natal
E nasce eternamente o menino do Bem
Do rico e do pobre
Da paz e da guerra
Do amor sobre a terra
E da esperança também

Em lugares mais recônditos
Onde a luz se apagou
Reina somente a penumbra
Nos obscurecidos recantos
Há homens e mulheres
Sobre velhos cartões deitados
De semblantes cerrados

Nos palcos da guerra
A paz deixou -se morrer
Ao som dos tiros do canhão
E choram os que sofrem com a dor
E com fome, os que não têm pão!

          Durinda Paiva 
                 Dezembro 2023